As práticas de Gestão do Conhecimento no setor público são ainda bastante incipientes quando comparadas ao setor privado, sendo muitas delas iniciativas isoladas. Contudo, como qualquer organização, a administração pública deve estar atenta ao desenvolvimento das ações de Gestão do Conhecimento com o objetivo de modernizar suas práticas institucionais e garantir melhores políticas e serviços públicos à sociedade. Neste artigo, vamos debater a importância da Gestão do Conhecimento para a continuidade das políticas públicas e destacar algumas iniciativas da Prefeitura de Niterói nesta área.
A Gestão do Conhecimento consiste na capacidade de mapeamento, criação, administração e compartilhamento dos ativos de conhecimento de uma organização, de maneira eficiente. Pode-se dizer, então, que a essência da Gestão do Conhecimento é a criação e o registro da memória institucional. Mas ela também se destaca por sua contribuição aos processos de aprendizagem e desenvolvimento organizacional (Moore e Bolinches, 2001), bem como criação de competências (Bueno, 1999). Além disso, a Gestão do Conhecimento tem sido cada vez mais associada à gestão da inovação, uma vez que os sistemas de inovação estão fortemente relacionados à capacidade e à forma em que está organizado o conhecimento (Ribeiro e Izquierdo, 2017).
Em ano eleitoral, a Gestão do Conhecimento adquire dimensões ainda mais importantes. Sabe-se que a rotatividade de pessoal no serviço público muitas vezes representa um problema em relação à continuidade das políticas e serviços públicos, o que pode acarretar prejuízos à população. A Gestão do Conhecimento visa justamente amenizar essas perdas e auxiliar na manutenção da eficiência da gestão em momentos de transição, bem como na continuidade de políticas públicas essenciais à população. Isso porque ela nos ensina que o conhecimento – e a política pública – não podem ser encarados como propriedades individuais. Ao contrário, o conhecimento deve ser externalizado em sistematizações, manuais, artigos, notas técnicas, entre outras ferramentas para ser compartilhado e, dessa forma, “passado adiante”.
Além da transmissão do conhecimento, essas ações, realizadas de maneira constante, também permitem a criação de um repositório de documentos que registram a memória de uma instituição. Ao armazenar os documentos produzidos, é possível criar uma base de materiais para reflexões futuras. Da mesma maneira, ao divulgá-los e compartilhá-los com outros gestores, estamos submetidos a críticas e novas sugestões. Dessa forma, tanto o acúmulo, quanto a socialização do conhecimento não só estimulam como são essenciais para novos insights e ações inovadoras. Por fim, vale destacar também que tais ações promovem o fortalecimento dos processos internos. Isso porque toda vez que nos desafiamos a externalizar o conhecimento, somos impulsionados a refletir sobre o mesmo e, assim, é possível identificar gargalos e propor melhorias.
O estímulo a essas práticas, contudo, não deve ocorrer apenas em momentos específicos. Ele deve ser constante para que haja a criação de uma cultura da Gestão do Conhecimento na gestão pública. Apesar do discurso canônico da meritocracia sobre uma “História” do conhecimento baseada em “gênios individuais”, a criação e a incorporação dessa cultura, portanto, nos leva a refletir sobre como o conhecimento é uma criação e um patrimônio coletivo, que deve ser preservado, passado adiante e manter-se sempre aberto à inovação.