Você já deve ter se deparado com os ataques à democracia, não é à toa que o Brasil lidera o ranking de países que mais se afastou dela em 2020. De acordo com estudos levantados pelo relatório Variações da Democracia, divulgados em março do ano passado, foi avaliada a situação de 202 países referente à liberdade de expressão, disseminação de informações falsas e ataques à imprensa. O Brasil ficou em quarto lugar.
No artigo do Apolitical, escrito por Naouma Kourti, a pesquisadora científica da Comissão Europeia levanta questões em torno desse questionamento. “Vivemos uma época democrática em que se questiona o sistema que acompanhou e sustentou o avanço das sociedades ocidentais nos últimos séculos”, comenta a especialista. Tal avanço democrático sustentou a economia e criou laços e acordos comerciais com outros países.
Porém muitos desses países que se dizem “democráticos” usam a imagem da porta pra fora, mas, na realidade, estão sendo autocráticos com poderes autoritários e absolutos, surgidos através de movimentos populistas. A pandemia revelou ainda mais ações da autocracia por ter seguidores com pensamentos inverso à ciência, incapazes de salvar vidas no momento mais crítico da maior crise sanitária vivida nos últimos tempos.
Para enfrentar essa disputa de sistemas, a especialista Naouma explica que o populismo prospera diferentemente na democracia como um lugar para todos. “Autocratas usam o sistema de votação para reivindicar internacionalmente que foram democraticamente eleitos.” Essa manipulação da opinião pública elimina imediatamente a oposição e a liberdade de expressão, onde acabam se tornando ‘ ditaduras eleitas’.
“Na realidade, voto é apenas uma pequena porção do processo democrático. A parte principal e mais importante é o debate a partir de um pluralismo de opiniões, que leva à co-criação de melhores políticas públicas. E isso só pode existir com a garantia da liberdade de expressão das pessoas. A liberdade e o respeito são valores que sustentam os pilares do pluralismo e do debate sobre os quais se fundamentam as democracias.” conclui Kourti.
Em resumo, trata de permitir que o sistema político seja capaz de se adaptar às mudanças impostas pela crise e inovação, fomentando novos movimentos com políticas públicas e debates em conjunto das organizações da sociedade civil.