Já reparou que quando tratamos dos produtos digitais de algumas marcas, reconhecemos a quem esses produtos pertencem só de olhar para eles ?
Observe as duas imagens a seguir:
Mesmo que o conteúdo das páginas seja tremendamente diferente, ao analisar ambas, é possível inferir que essas 2 páginas estão relacionadas de alguma maneira. Mas por que isso acontece ?
#Linguagem Visual
É extremamente benéfico para uma marca possuir uma linguagem visual e de funcionamento, já que elas servem ao propósito de criar padrões de uso para os produtos dessa organização. O que significa que
Na prática, quanto mais uma pessoa usa um determinado produto de uma marca, mais intuitivo será para ela usar não só a ferramenta na qual está inserida, como todos os demais produtos pertencentes à mesma marca.
E isso é importante devido a um conceito chamado reserva de boa vontade, explicado no excelente livro Não me faça pensar, de Steve Krug.
De maneira extremamente simplificada, a reserva de boa vontade pode ser definida como quanta paciência o usuário de uma aplicação tem para consumar seu objetivo nela. Quanto mais complicada e confusa for a jornada do usuário, mais a reserva de boa vontade do usuário vai se esvair, e maior a chance de que ele deixe a sua aplicação.
Um dos principais objetivos de um design system é tornar toda a experiência do usuário mais intuitiva e coerente, estabelecendo regras simples para os produto da marca e respeitando-as, criando assim uma padronização, que facilita o uso e entendimento de todas as aplicações lançadas por ela.
Um dos principais objetivos de um design system é tornar toda a experiência do usuário mais intuitiva e coerente, estabelecendo regras simples para os produtos da marca e respeitando-as, criando assim uma padronização, que facilita o uso e entendimento de todas as aplicações lançadas por ela.
Como dito por Karin Saarinen, em seu artigo Building a Visual Language – Behind the scenes of our new design system:
“O design sempre foi principalmente sobre sistemas e como criar produtos de forma escalável e repetível. De cores Pantone a parafusos Philips, esses sistemas nos permitem gerenciar o caos e criar produtos melhores. Os produtos digitais são talvez o terreno mais fértil para a implementação desses sistemas e, no entanto, nem sempre são considerados uma prioridade.”
E assim como nas cores Pantone, ou nos parafusos philips, os benefícios de um design system não estão apenas na praticidade para o cliente final, mas também no barateamento da produção de produtos.
#Como um design system pode baratear uma aplicação ?
Certa vez eu ouvi a seguinte frase:
“Entre brincar com código no seu computador, e trabalhar numa aplicação comercial, existe uma diferença de complexidade gigantesca“
E eu não poderia concordar mais. Quando tratamos de aplicações comerciais, onde qualquer detalhe impacta diretamente nos resultados do serviço oferecido (quer você perceba ou não) o grau de cuidado que tem de ser tomado em toda e qualquer decisão é muito maior.
- É importante que a aplicação seja acessível, e isso levanta questões do gênero: Como uma pessoa daltônica vai interagir com o que eu estou construindo? Como uma pessoa cega vai interagir com o que eu estou construindo?;
- É importante que a aplicação seja responsiva, e para isso devemos pensar no funcionamento da aplicação em celulares e computadores;
- A aplicação deve ser veloz, e deve existir uma preocupação em garantir que ela funcione bem em conexões de baixa velocidade (como redes móveis, por exemplo);
- Entre outros diversos cuidados que devem ser tomados.
E essa complexidade deixa a construção de todos os componentes de um sistema muito mais custosa do que ela pode parecer de fora, tornando assim o processo de desenvolvimento caro, especialmente em caso de organizações que, assim como o Colab, possuem diversas aplicações, já que sem um sistema inteligente de regras para a reutilização de esforços, pode-se cair na armadilha de resolver o mesmo problema várias vezes.
Também é importante considerar que como o design de software tem poucas restrições físicas em comparação com muitas outras disciplinas. Isso faz com que a variedade de soluções possíveis para qualquer desafio sejam abundantes, o que pode gerar experiências de uso desconexas entre aplicações de uma mesma marca. Além disso, ao ter a mesma solução recriada várias vezes por pessoas diferentes, aumentamos o risco de que algumas dessas implementações possuam defeitos, o que pode fazer com que a mesma solução funcione melhor em alguns lugares do que em outros.
Por exemplo, digamos que dentre todas as aplicações de uma organização, tenhamos 6 tipos de botões, distribuídos em 6 aplicações diferentes. Se o botão da aplicação 1 apresenta um determinado defeito, teremos de testar os botões das outras 5 aplicações em busca do mesmo erro, e corrigi-los individualmente.
Com a ajuda de um design system (equipado com as ferramentas corretas) é possível evitar esse problema, unificando e centralizando as diferentes partes que compõe o sistema em um único lugar.
Isso não só torna muito mais fácil rastrear e localizar problemas, já que tendo um único botão que é utilizado em 6 componentes diferentes, só temos que nos preocupar em corrigir o problema, mas também evita o trabalho de construir os mesmos componentes básicos várias vezes para cada aplicação nova.