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Importância das competências técnicas ‘hard skills’ para os sistemas de gestão

30.11.2023
Autor: Arlindo Nascimento Rocha
governo

“A nova administração pública requer cada vez mais de seus gestores, especialmente determinação, busca constante de conhecimento e aperfeiçoamento, para realizar com sucesso seus propósitos, a fim de ter um melhor desempenho no cargo.”

 [John Lenon Teodoro]

Devido às grandes transformações tecnológicas, políticas, econômicas e culturais, estamos todos imersos em um mundo onde as mudanças acontecem de forma frenética e até descontrolada. Logo, é redundante afirmar que vivemos uma realidade que exige constantes atualizações para atender às necessidades do mercado.

No entanto, é um imperativo mais do que necessário trazer à tona essa reflexão, uma vez que, o mercado de trabalho está cada vez mais instável, exigente e altamente excludente. Com esse cenário, certos gestores públicos e privados foram induzidos, por muito tempo, a apostarem apenas em profissionais com competências técnicas e individuais ao invés de priorizarem a formação integral do capital social e humano.

Essa estratégia fez com que muitos profissionais, e em grande parte, os que estão à procura da primeira experiência profissional, a apostarem, também, na aquisição de competências técnicas exigidas para poderem enfrentar situações cada vez mais competitivas. Logo, além do conhecimento tradicional, considerado insuficiente nessa atual conjuntura, todos precisam maximizar suas habilidades técnicas para fazer face às demandas que o mercado impõe.

Para quem já se encontra no mercado de trabalho e, certamente, com alguma segurança, também não é diferente, pois todos precisam atualizar continuamente. A exigência da atualização das competências é uma demanda que acontece a uma velocidade que impele a todos a caminharem em paralelo com os novos paradigmas da gestão de recursos humanos, caso não se queira ser empurrado ao estado de obsolescência (aquilo que se torna obsoleto). Tornar-se obsoleto (inútil) é um dos traços marcante da nossa atual sociedade, principalmente, para aqueles que não se preocupam com o desenvolvimento pessoal e profissional.

No artigo anterior abordei o tema: Importância das habilidades interpessoais ‘soft skills’ no ambiente corporativo em que enfatizei que estas são desenvolvidas ao longo do exercício da vida profissional, através da vivência, da (re) interpretação e da (res) significação das experiências concretas do dia-a-dia consideradas essenciais para uma prática eficaz ligada, principalmente, à comunicação, trabalho em equipe, relacionamento interpessoal, flexibilidade, comprometimento, responsabilidade, resiliência, proatividade, integridade, liderança, pensamento crítico, criatividade e empatia.

Para demonstrar a importância das soft skills, em 2019 a plataforma LinkedIn fez uma pesquisa denominada Global Talent Trends/2019 (Estudo Global de Tendências de Talentos/2019) que contou com a participação de cinco mil (5.000) profissionais de trinta e cinco (35) países. A pesquisa chegou aos seguintes resultados: 92% dos participantes acreditava que as soft skills são tão ou mais importantes que as hard skills; 90% acreditava que as soft skills são essenciais para o futuro das empresas; e, 89% acreditava que as contratações que não deram certo, foi devido a falta de compatibilidade com as soft skills. Três anos depois, certamente, os resultados continuam sendo os mesmos.

Soft skills (vs) hard skills 

No entanto, ao lado das soft skills todos os profissionais, também precisam desenvolver suas hard skills, ou seja, aptidões, habilidades e competências técnicas para o desempenho de uma determinada atividade profissional. Atualmente as hard skills mais valorizadas estão ligadas, principalmente, ao raciocínio analítico, inteligência artificial, domínio de Excel avançado, computação digital, operacionalização de sistemas, gestão de projetos, gestão de pessoas entre outros.

Segundo o empresário José Augusto Minarelli, autor da obra Empregabilidade: como entrar, permanecer e progredir no mercado de trabalho (2016), as hard skills, configuram-se como o resultado de conhecimentos técnicos adquiridos, de habilidades físicas e mentais, do jeito de atuar e da experiência de cada um em particular. Sendo assim, possuir hard skills pode constituir uma condição necessária para passar em um processo seletivo, porém, insuficiente para alcançar sucesso pessoal e profissional.

Mesmo assim, as hard skills, como veremos, são tão necessárias quanto às soft skills, pois ambas são recorrentes na gestão eficaz dos recursos humanos. Logo, são fundamentais para o sucesso pessoal e profissional. Por isso, devem ser levados em conta em todas as fases e etapas, não só dos tradicionais processos seletivos, mas ao longo da vida profissional, pois, se as soft skills estão ligados às competências comportamentais, as hard skills, por seu lado, estão diretamente ligadas às competências técnicas de qualquer profissional.

As hard skills 

Para melhor categorizar as hard skills, pode-se agrupá-las, principalmente em competências ligadas ao domínio de idiomas, ferramentas tecnológicas, noções avançadas de programação, desenvolvimento de programas de computadores, domínio de competências ligadas à aplicabilidade de normas jurídicas, a execução de tarefas que exigem conhecimento de contabilidade, finanças, desenvolvimento e gestão de projetos estruturantes…

Essas competências podem ser adquiridas ao longo da vida acadêmica através de diplomas de graduação, mestrado, doutorado, certificados de qualificação profissional, cursos práticos (workshops), cursos livres, treinamentos sistemáticos e regulares, pelo autodidatismo e pela vivência profissional como assevera Marcia Maria Bherin, em sua obra Gestão de carreira: gerenciando corretamente o seu crescimento profissional (2015). Logo, o profissional que descuida da sua capacitação e atualização constante, perde atratividade e competitividade pela acomodação de fazer sempre a mesma coisa, ou seja, sem desafiar-se, sem sair da sua zona de conforto.

Houve uma época em que muitas instituições, em seu processo de formação e expansão, apostavam, basicamente, na contratação e no desenvolvimento das hard skills de seus profissionais. Ou seja, a alta administração das instituições focava, ilusoriamente, apenas nas competências técnicas, ligadas à dimensão técnica do trabalho efetuado e ao tipo de tarefa executada.

No entanto, segundo Julia Zhu (nomeada pela Forbes como destaque no ramo de comércio eletrônico em 2018), a máxima que conduz ao sucesso é: “você sempre precisa das hard skills certas para realizar o trabalho, mas precisa das soft skills certas para um desempenho excepcional”. É importante deixar claro, que uma não exclui a outra, pois ambas são pontos de partida para o aprimoramento profissional. Por isso, os mercados estão cada vez mais atentos, pois sabem o quanto as skills influenciam determinantemente os resultados.

Por isso, atualmente a tendência das instituições é tentar manter o equilíbrio entre as soft e as hard skills, pois, de nada adianta ter um profissional tecnicamente bem qualificado se não é capaz de lidar com os problemas e frustrações no ambiente profissional. Especialistas concordam que, pouco ou nada serve um currículo recheado de hard skills se o profissional não souber regular suas emoções ou se relacionar com seus colegas de trabalho.

Logo, é um imperativo que os gestores entendam que um servidor ou colaborador com elevados conhecimentos técnicos não é, necessariamente, um excelente profissional. Para ser um profissional de excelência, segundo especialistas em recursos humanos, dever-se-á desenvolver competências variadas ligadas a: organização do trabalho, flexibilidade na tomada de decisões, liderança democrática, desenvolvimento pessoal, resolução de conflitos, noções básicas de gestão de pessoas, proatividade, pensamento crítico e correlatos.

A aposta nas skills transversais

O ideal para qualquer gestor é apostar em profissionais que possuem, simultaneamente, competências técnicas adequadas, assim como competências comportamentais, também adequadas, pois ambas se complementam reciprocamente. Logo, possuir competências técnicas, mas, sobretudo, o controle das emoções é essencial para o exercício da profissão e o desenvolvimento de boas relações no ambiente corporativo.

Sendo assim, os gestores têm valorizado cada vez mais, as competências transversais dos profissionais, necessárias para executar eficazmente qualquer trabalho e exercer com eficácia qualquer profissão. A boa notícia é que grande parte, segundo estudos recentes, está consciente de que, alguém que seja capaz de desempenhar com excelência técnica seu trabalho, deve também estabelecer bons relacionamentos, mostrar-se solidário, altruísta, e, sobretudo, demonstrar empatia, o que a técnica pela técnica não permite fazer.

Desta forma, para o desenvolvimento das competências transversais, segundo Bherin, o servidor ou colaborador deve ser um profissional multidisciplinar, sendo capaz de atuar em qualquer ambiente organizacional, proporcionando mudança e visão organizacional. Então, baseado no que foi dito pela citada autora, infere-se que, qualquer profissional deve comportar-se como se estivesse numa escada rolante que apenas desce, por isso, é um imperativo não ficar imóvel. Logo, é necessário, segundo a mesma autora, andar no mesmo ritmo da escada, ou, se puder até mais rápido, só que em sentido contrário.

Nesse aspecto, as instituições que apostam no desenvolvimento e aprimoramento das múltiplas competências (skills) dos seus profissionais, geralmente, alcançam sucesso no mercado onde se encontram inseridos. Então, quanto mais investimentos em capacitações que visam aumentar as soft e as hard skills, mais sucesso será alcançado, pois, todos são chamados à responsabilidade de aumentar a qualidade e a produtividade no desempenho das suas funções, gerando assim, melhores resultados.

Por isso, capacitar-se passou a ser uma rotina obrigatória, ou seja, o interesse e a curiosidade deve ser a marca registrada que cada profissional deve ter na busca de aprimoramento das suas habilidades e competências profissionais. Mas, é preciso ter muito cuidado, pois, segundo Minarelli, de nada adianta ao profissional estar adequado às exigências da instituição, fazer cursos de atualização profissional se não for idôneo, se não for capaz de estabelecer bons relacionamentos no ambiente corporativo.

No entanto, é absolutamente consensual entre especialista em recursos humanos que, o equilíbrio entre as soft e as hard skills proporcionam muitos benefícios às instituições e aos profissionais, pois, estes são mais propensos a maximizar o desempenho individual e do grupo, a melhorar o clima organizacional, a aumentar a autonomia, a qualidade das relações interpessoais, a resolução de conflitos, a valorização do trabalho individual e coletivo, deixando o gestor livre para gerenciar outros projetos visando melhores resultados.

Para finalizar, reitera-se o que foi afirmado por Teodoro na epígrafe deste artigo, ou seja, os novos sistemas de gestão requerem cada vez mais, determinação e busca constante de conhecimento e aperfeiçoamento para realizar com sucesso seus propósitos. Por isso, aos profissionais do setor público e privado e, especialmente, aos gestores, fica mais uma vez a mensagem de Zhu: se quiserem ser bem sucedidos, precisam apostar nas hard skills certas para realizar um determinado trabalho, mas, se quiserem um desempenho excepcional, devem apostar nas soft skills certas.

Autor: Arlindo Nascimento Rocha

Consultor de Integridade e Compliance na Controladoria-Geral do Município de Niterói (CGM-Niterói); Cientista da Religião, Filósofo e Pedagogo.

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